quinta-feira, 18 de julho de 2013

Seara Vermelha

O vento arrastou as nuvens, a chuva cessou e sob o céu novamente limpo crianças começaram  a brincar. As aves de criação saíram dos seus refúgios e voltara a ciscar no capim molhado. Um cheiro de terra, poderoso, invadia tudo, entrava pelas casas, subia pelo ar. Pingos de água brilhavam sobre as folhas verdes das árvores e dos mandiocais. E uma silenciosa tranqüilidade se estendeu sobre a fazenda, as árvores, os animais e os homens.
Apenas as vozes álacres das crianças, pelos terreiros, cortavam a calma daquele momento:

Chove, chuva chuverando
Lava a rua do meu bem...

Vestidas de trapos sujos, algumas nuas, barrigudas e magras, as crianças brincavam de roda.
Farrapos de nuvens perdiam-se no céu de um azul claro onde primeiras e leves sombras anunciavam o crepúsculo.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

 Primeiro romance de Jorge Amado, O país do Carnaval faz um retrato crítico e investigativo da imagem festiva e contraditória do Brasil, a partir do olhar do personagem Paulo Rigger, um brasileiro que não se identifica com o país. 
     Filho de um rico produtor de cacau, Rigger volta ao Brasil depois de sete anos estudando direito em Paris. Num retorno marcado pela inquietação existencial, ele se une a um grupo de intelectuais de Salvador, com o qual passa a discutir questões sobre amor, política, religião e filosofia. Dúvidas sobre os rumos do país ocupam o grupo.
     O protagonista mantém uma relação de estranhamento com o Brasil do Carnaval, acredita que a festa popular mantém o povo alienado. Os exageros e a informalidade brasileira são motivo de espanto, apesar de a proximidade com o povo durante as festas nas ruas fazer com que ele se sinta verdadeiramente brasileiro. Aturdido pelas contradições, Rigger decide voltar para a Europa.
     Mestiçagem e racismo, cultura popular e atuação política são alguns dos temas de Jorge Amado que aparecem aqui em estado embrionário. Brutalidade e celebração revelam-se, neste romance de juventude, linhas de força cruciais de uma literatura que se empenhou em caracterizar e decifrar o enigma brasileiro.

sábado, 18 de maio de 2013

Um Dos Poemas De Jorge Amado

O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia que a gente ver 
Um gato maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha

Algumas Frases De Jorge Amado

"A alegria daquela liberdade era pouca para a desgraça daquela vida"

"Peste, fome e guerra, morte e amor, a vida de Tereza Batista é uma história de cordel."

"Na vida só vale o amor e a amizade. O resto é tudo pinóia, é tudo presunção, não paga a pena..."


"Não se pode dormir com todas as mulheres do mundo, mas deve-se fazer esforço."

Mas eu o tentarei, como ele próprio aconselhava, pois o importante é tentar, mesmo o impossível.

Novelas, Minisséries e Telenovelas De Jorge Amado

Capitães Da Areia (minissérie)
Dona Flor e Seus Dois Maridos (minissérie)
Gabriela (1975)
Gabriela (2012)
Gabriela, Cravo e Canela (1960)
Pastores da Noite
Porto dos Milagres
Tenda dos Milagres (minissérie)
Teresa Batista
Terras dos Sem-Fim (telenovela)
Tieta (telenovela)
Tocaia Grande

Alguns dos livros de Jorge Amado


  • ABC de Castro Alves
  • O Amor do soldado
  • A Bola e o goleiro
  • Brandão entre o mar e o amor
  • Cacau (livro)
  • O Cavaleiro da esperança
  • A Descoberta da America pelos Turcos
  • Do Recente Milagre dos  Pássaros
  • Dona flor e seus dois maridos                    
  • A estrada do mar
  • Farda, Fardão, Camisola de Dormir
  • Gabriela, Cravo e Canela
  • Hora da Guerra

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Gente aqui tem mais uma foto do nosso querido autor Jorge Amado

Biografia de Jorge Amado



Jorge Amado de Farias nasceu em 10 de agosto de 1912, em Itabuna, Bahia. Passou a infância entre sua cidade natal e Salvador.
Estuda por muitos anos em escola de regime interno: primeiro no Colégio Antônio Vieira e depois no Ginásio Ipiranga, nos quais começou a desenvolver seu lado de escritor com a criação do jornalzinho “A luneta”, o qual distribuíra para colegas e parentes e os “A Pátria” e “A Folha”, do grêmio estudantil.

Em 1927, ainda estudante, agora do regime de externato, começa a trabalhar como repórter no “Diário da Bahia”. Nesta época, recebe titulação no candomblé.

Em 1931, é aprovado na faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, seu primeiro romance “O país do Carnaval” é publicado e recebe elogios.

Envolve-se com o comunismo, como a maioria dos escritores da época, e vê seu romance seguinte “Cacau” ser apreendido por policiais. Por este motivo, passa certo tempo exilado na Argentina. Mais tarde, entre 1936 e 1937 é preso por se opor ao Estado Novo.

Contudo, antes mesmo desse tempo na prisão, o livro “Cacau” é publicado e também torna-se um sucesso entre as críticas.

Em dezembro de 1933, casa-se com a primeira mulher, Matilde Garcia Lopes, com quem tem uma filha, Eulália. Um ano depois, publica os romances “Suor” e “Jubiabá” e forma-se em Direito, quando começa as perseguições que o levariam a citada detenção.

O livro “Mar morto” é publicado e recebe o prêmio Graça Aranha. E enquanto viaja para o exterior, o livro “Capitães da Areia” é publicado e de volta ao Brasil é preso novamente quando tentando escapar, vai para Manaus. Milhares de exemplares de seus livros publicados, tidos como revolucionários, são queimados em Salvador por ordem militar.

Pouco tempo na prisão, é solto em 1938, quando muda-se para São Paulo. Seus livros começam a ser traduzidos e publicados no exterior.

Após permanecer envolvido com questões de ordem política, torna-se redator das revistas “Dom Casmurro” e “Diretrizes”.

Em 1942 publica em Buenos Aires “A vida de Luís Carlos Prestes”, com o intuito de ajudar na anistia do comunista.

Mais uma vez é preso ao desembarcar em Porto Alegre e, então, é proibido de sair das terras de Salvador. Publica o livro “Terras do sem fim”, o qual não é censurado. Separa-se de Matilde em 1944.

Em 1946, envolve-se mais intensamente com a política através de sua candidatura de deputado do PCB. Apesar de eleito, tem o mandato suspenso por alegação de ilegalidade do partido.
Neste período conhece Zélia Gattai, com quem passa a viver. Em 1946 publica o romance sobre a seca “Seara Vermelha”. Um ano depois lança “O amor de Castro Alves” e nasce seu primeiro filho, João Jorge.

Em 1949, sua filha Eulália morre de causas não conhecidas.
Por muito tempo viaja pela Europa, chegando a ir à China e Mongólia e escreve “O mundo da paz”, no qual faz referências aos países socialistas visitados. Em 1951, nasce a filha Paloma, no ano seguinte, volta ao Brasil.

Fixa residência no Rio de Janeiro e passa a produzir e viver da literatura modestamente.
Então, em 1958 escreve “Gabriela, cravo e canela”, livro que lhe rendeu várias premiações, além de ter sido adaptado para a TV. Nesta época, recebe de uma mãe-de-santo um dos mais altos títulos do candomblé. Um tempo depois, lança o “Dona Flor e seus dois maridos”, que também aparece nas telas mais tarde.

Jorge Amado sofre um edema pulmonar no ano de 1996 e logo depois submetido a uma angioplastia, a partir de então vive uma vida de privações e de tristeza, pois não conseguia mais enxergar direito e, por isso, tinha dificuldade em ler e escrever e por não poder comer mais o que gostava.

Em 2001, é internado com crise de hiperglicemia e tem uma fibrilação cardíaca. Volta a sua casa, mas passando mal novamente, morre no dia 06 de agosto, em Salvador, aos 88 anos de idade.

É representante da segunda fase do Modernismo no Brasil, voltada aos romances regionalistas. No entanto, a obra de Jorge Amado é dividida pelos críticos literários em: 1. romances da Bahia ou proletários que retratam a vida na cidade de Salvador, como é o caso de Suor, O país do Carnaval e Capitães da areia. 2. romances ligados ao ciclo do cacau, que correspondem aos livros Cacau e Terras do sem fim. 3. crônicas de costumes, começadas com Jubiabá e Mar Morto e estendendo-se por Gabriela, cravo e canela.

Obras: Romance: O país do carnaval(1931); Cacau(1933); Suor(1934); Jubiabá(1935); Mar Morto(1936); Capitães da areia(1937); Terras do sem-fim(1942); São Jorge dos Ilhéus(1944); Seara vermelha(1946); Os subterrâneos da liberdade(1952); Gabriela, cravo e canela(1958); Dona flor e seus dois maridos(1967); Tenda dos milagres(1970); Teresa Batista cansada de guerra(1973); Tieta do agreste(1977); Farda, fardão e camisola de dormir(1979).
Novela: Os velhos marinheiros(1961); Os pastores da noite(1964).
Biografia: ABC de Castro Alves(1941); Vida de Luís Carlos Prestes, o cavaleiro da esperança(1945).
Teatro: O amor de Castro Alves, reeditado como O amor do soldado(1947).